domingo, 25 de janeiro de 2015

Veja como foi a execução do brasileiro na Indonésia

A notícia mexeu com os brasileiros e com o mundo. Fez abrir a discussão sobre as leis contra o tráfico de dragas aqui no Brasil. Diante de tanta violência, muitos apoiam e outros abominam a decisão da justiça da Indonésia.
O brasileiro Marco Archer , foi preso em 2003 ao desembarcar em Jacarta, capital da Indonésia, com 13,5 quilos de cocaína escondidos em uma armação de asa delta. Em 2004, foi condenado à morte.
É impressionante como várias pessoas se arriscam nessa viagem perigosa e sem volta. Os alertas estão em qualquer voo para a Indonésia. Nos cartões de imigração preenchidos por quem chega, letras grandes e vermelhas avisam: “Pena de morte para traficantes de drogas”.

Marco acreditava que sua pena seria cancelada, mas após 10 anos veio a confirmação e depois a consumação. A notícia é chocante porque não faz parte da nossa cultura,
O Fantástico desse domingo, mostrou em detalhes, como é feita a execução dos condenados.
“A imprensa australiana divulgou uma cena, que é de um procedimento burocrático. Ela mostra um preso sendo chamado e informado sobre o processo dele. O que a cena fria não revela, mas qualquer um pode imaginar, é a angústia de um homem que teme ouvir: “Chegou a hora de morrer”.


O trajeto até a ilha onde aconteceram as execuções deste sábado (17) é por uma estrada bastante estreita, cercada por campos de arroz. No transporte escolar, os alunos se amontoam no teto do ônibus.”
Perto da hora marcada, as balsas que partem para a ilha levam médicos e policiais. Faltava pouco. Quase sempre, as execuções acontecem à noite.
O condenado é acordado e levado para o local secreto onde será morto. Ele pode escolher se vai ficar em pé, sentado ou deitado. E também se quer ser vendado, encapuzado ou ficar de olhos abertos.
O chefe da brigada da polícia comanda um esquadrão com 12 soldados armados com rifles. Esses soldados, normalmente, são homens solteiros e sem filhos. Eles se posicionam a uma distância de cinco a dez metros do preso.
Os 12 atiram, ao mesmo tempo, no peito do condenado, mas apenas duas armas estão carregadas com balas de verdade. As outras armas estão com balas de festim, balas falsas, assim os soldados não sabem quem matou o condenado.
Se depois de levar dois tiros no peito, o condenado mesmo assim sobreviver, o chefe da brigada dá o tiro de misericórdia na cabeça.
Marco Archer Moreira morreu na Indonésia às 00h30, 15h30 de sábado, no horário de Brasília. De madrugada, o corpo dele chegou ao crematório.
As cinzas serão levadas pela tia dele para o Brasil. Muito abalada, ela não quis gravar entrevista.
Uma pessoa da família ou um representante precisa acompanhar a execução para reconhecer o corpo. Quem fez esse trabalho foi a vice-cônsul do Brasil em Jacarta, Ana Carmen Caldas. A pedido da tia de Archer, ela não quis comentar se houve um último desejo feito pelo brasileiro. Disse apenas que não ouviu choro ou desespero de nenhum condenado. E que no momento da execução havia um grande silêncio, quebrado depois pelo som dos tiros.

Contradição

O mesmo governo que executa traficantes pede clemência para uma mulher indonésia condenada à morte por homicídio na Arábia Saudita. “É claro que isso é uma gritante contradição. Uma outra questão, no caso da Indonésia em particular, que vale a pena chamar a atenção, é que crimes muito mais graves na Indonésia, como atentados que mataram dezenas de pessoas, as pessoas responsáveis por esses atos foram condenadas a 20 anos, 20 e poucos anos de prisão, e não à morte”, ressalta Átila Roque.
O embaixador brasileiro na Indonésia, Paulo Alberto da Silveira Soares, foi chamado pelo Itamaraty, um sinal de insatisfação no meio diplomático. “Os parentes e membros da embaixada que estavam lá, dos outros países também, foi um tratamento incorreto, deselegante, impaciente, lá na prisão ontem”, afirma.

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