segunda-feira, 30 de março de 2015

DIZEM QUE O SELVAGEM É MAIS GOSTOSO E ESTIMULA MAIS O CASAL? VEJA:

Numa sensual briga de beijos e arranhões, o ser humano vive seu lado mais animal se entregando ao sexo selvagem. Longe de estar restrita a amantes e filmes hollywoodianos, essa prática pode abrir os horizontes de uma relação e salvá-la da rotina.

Ele vai rondando a toca enquanto sente as provocações dela, à espera do bote certeiro. As pernas se debatem, os corpos se espicham, numa briga ofegante de beijos e abraços, cabelos e vontades embaraçados. Na selva dos lençóis, o sexo selvagem é a representação mais íntima do nosso instinto animal. Para muitos casais, o lado carnal do relacionamento é quem manda e é dele que surgem, da maneira mais verdadeira, as diferenças entre homem e mulher, o amor e o respeito.

As vantagens de uma noite de sexo selvagem, segundo os adeptos da prática, são incontáveis. "É um relaxamento das tensões. Acho que, na cama, nada reflete com tanta fidelidade os sentimentos, conscientes e inconscientes, meus e do meu namorado", acredita a arquiteta Márcia Cardoso. Ela explica que o sexo selvagem funciona em seu relacionamento como uma espécie de válvula de escape. "É um desabafo. Em frações de segundo a gente se ama, se odeia, se aperta, se beija. Tudo é vivido com muita intensidade. Quando terminamos, nos sentimos limpos, sem nada guardado. E nos querendo e compreendendo cada vez mais", conta.
Visto assim, o sexo animal é o que há de mais romântico e profundo em um relacionamento. Acontece que, para muita gente, encarnar caça e caçador no meio de tantos valores e conceitos ditos mais civilizados não é tão simples assim como explica a selvagem arquiteta. "É muito complicado mesmo. Da porta do quarto pra fora, a relação pode ser uma. Dali para dentro, outra completamente diferente. Existe, hoje em dia, muito medo do que é físico, do que é desejo, do que não tem uma espécie de racionalidade emocional por trás", concorda Márcia. Então, já que o assunto é carnal, será que o amor é mesmo tão importante na prática do sexo selvagem? "Para mim, é uma das únicas modalidades de sexo em que o carinho não é tão essencial para que seja completo", responde a empresária Marina Sampaio.
Para ela, quanto mais superficial for o relacionamento, melhor para a selvageria. "É uma coisa de tensão sexual, não é exatamente de paixão, de querer bem, de carinho. O importante ali é o prazer, é quase uma luta de dominação", comenta. Já a professora Simone Couto acredita que sexo é sexo, ainda mais na jaula dos humanos. "Acho que o amor é importante sempre. Senão, não há satisfação própria e nem vontade de saciar os desejos do outro, mesmo que seja uma coisa puramente carnal. Sexo é dar e receber sempre, até fisicamente falando", comenta, lembrando que amor e intimidade são coisas bem diferentes.
O setor masculino – como era de se esperar – concorda, pelo menos a princípio, com a opinião da professora. "É muito difícil tentar essas coisas com a mulher que a gente ama. O homem precisa ter a imagem de uma mulher respeitável ao lado dele e todas essas práticas sexuais mais eufóricas não fazem parte desse universo 'santinho', imaculado", comenta o administrador de empresas Roberto Nunes. Mas, para a jornalista Tatiana Pereira, eles se preocupam demais com as leis da selva. "Os homens têm problemas mentais, ou então não conseguem mandar sangue para o coração e pro dito cujo ao mesmo tempo. Eles tem que escolher um dos dois, então quando estão amando, o sexo acaba perdendo", afirma.
A sexóloga e psicoterapeuta Carmem Pompeu explica que, antes de entender as discordâncias do assunto, é fundamental perceber um fato muito simples: tratam-se, acima de tudo, de homens e mulheres. "São criaturas completamente diferentes, agindo como animais, mas sob o peso da racionalidade", comenta. "A evolução do homem, sempre com a obrigação de guerrear, de proteger, organizou o seu papel social e sua mentalidade em relação à mulher de uma maneira muito paradoxal", teoriza. Segundo ela, ao passo que o homem não pode se mostrar inseguro, ele também necessita de uma espécie de aprovação feminina. "É isso que traça, basicamente, a relação de dependência dos dois. Uma prova de que isso se estende até os dias de hoje é que um homem com problemas no trabalho, se torna inseguro no relacionamento, com medo de ser visto como um derrotado", completa.
Se na estrutura básica do relacionamento homem-mulher poucas coisas mudaram das épocas pré-históricas, o conceito de sexualidade virou, literalmente, de pernas para o ar. "O sexo selvagem legítimo, aquele feito pelos homens e mulheres primitivos era muito diferente do sexo selvagem de hoje em dia", explica Carmem. Segundo ela, naqueles tempos cavernosos, a principal preocupação era a de que o homem atingisse o orgasmo o mais rápido possível, para não ficar a mercê de – diga-se de passagem, covardes – ataques de inimigos ou predadores. "A consciência do envolvimento sentimental transformou e continua transformando a sexualidade humana. Da mesma forma que ela vem igualando a importância do homem e da mulher na vida sexual do casal e vem lhes dando cada vez mais independência nas suas escolhas, também alimenta a sociedade de preconceitos e visões deturpadas sobre certos valores, como a monogamia, por exemplo", acrescenta.
Carmem acredita que práticas como o chamado sexo selvagem são as melhores armas para lutar contra essa mentalidade. "Isso garante o fim da rotina porque dá ao casal novas possibilidades de expressão sexual e, assim, se revelar para o outro de uma maneira mais verdadeira", afirma. O sexo – selvagem, animal, racional, emocional – é, em potencial, um meio de diálogo muito poderoso. Se entregar às vontades sem culpas ou "encanações" é a maneira mais prazerosa de se conhecer. O que ninguém pode negar é que fazer essa descoberta a dois é ainda melhor.

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